MAL-ESTAR NA MATERNIDADE:
(DES)ENCONTROS ENTRE A MULHER E A MÃE
Nome: MAIARA BORLINI VESCOVI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 13/12/2021
Orientador:
Nome |
Papel |
|---|---|
| ARIANA LUCERO | Orientador |
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| ARIANA LUCERO | Orientador |
| FABIO DIAZ CAMARNEIRO | Examinador Interno |
| KELLY CRISTINA BRANDÃO DA SILVA | Examinador Externo |
Resumo: Essa dissertação tem como objetivo analisar, sob o ponto de vista da psicanálise, a questão do
mal-estar presente na maternidade, à medida que o desencontro radical entre a mulher e
função materna, bem como outros temas que envolvem a sexualidade feminina, colocam-se
como pontos de investigação imprescindíveis para a teoria psicanalítica, desde as primeiras
formulações freudianas até o momento contemporâneo. Tanto a noção de maternidade como
essência feminina quanto a concepção de infância são construções datadas, que respondem às
exigências econômicas e políticas próprias à modernidade, reguladas pelo discurso médico
como forma de biopolítica, como aponta o pensamento foucaultiano. Trazemos essa
contextualização para melhor delimitarmos o corte inscrito por Freud, com sua teoria do
inconsciente e da sexualidade infantil como constitutivos do sujeito, no discurso hegemônico
de sua época, em que eram vigentes as perspectivas acerca da maternidade como destino
natural, ao qual a existência da mulher seria reduzida, por conta de uma aptidão biológica à
maternagem. Por mais que Freud opere uma fissura significativa no discurso moral e
biologizante acerca da mulher e da sexualidade de forma geral, ainda assim o psicanalista
sustenta o ponto de vista de que a maternidade poderia ser um destino ou saída para a mulher
ligado à assunção da feminilidade, ponto que suscitou inúmeras críticas à psicanálise e que
mobiliza divergências entre psicanalistas até os dias atuais. Diante disso, discutimos a forma
específica do complexo de Édipo feminino, no que este se relaciona com as noções de
sexualidade infantil, primazia do falo e complexo de castração dimensões que interrogam a
maternidade como posição a ser almejada pela menina na medida em que o filho viria a
preencher a falta da mãe. A complexidade dessa temática leva Freud a tomar a sexualidade
feminina como ponto de incógnita até o fim de seus escritos, e não é exagero considerá-la um
ponto enigmático também no contemporâneo. Assim, mostramos como os apontamentos de
Freud, desdobrados por Lacan à luz da linguística estrutural, permitem tomar o falo como
significante e a mãe como posição ou função exercida na estrutura da linguagem. Nessa via,
constatamos que o mal-estar na maternidade por vezes está atrelado à relação da mulher à
própria falta, no que esta responde à lógica fálica e à castração com o desejo de ter um filho
que nem sempre resolve as questões da feminilidade para uma mulher.
Palavras-chave: Maternidade; Feminilidade; Sexualidade feminina; Função materna;
Complexo de Édipo.
