Entre grades e macas: costurando encontros e afetos com as pessoas em cumprimento de medida de segurança na unidade de custódia e tratamento psiquiátrico do Espírito Santo

Nome: PRISCILA SIMENC ROCHA LOPES
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 27/08/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LUZIANE DE ASSIS RUELA SIQUEIRA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
JANAÍNA MARIANO CÉSAR Examinador Interno
JOHNNY MENEZES ALVAREZ Examinador Externo
LUZIANE DE ASSIS RUELA SIQUEIRA Orientador
RENATA COSTA MOURA DZU Orientador

Resumo: Os “loucos” assim como os “criminosos” são, historicamente, considerados um
risco em potencial à sociedade e por isso mesmo, são por ela excluídos. Mas, e
quando falamos de “loucos criminosos”? A literatura aponta que essa parcela da
população vem sofrendo por anos com a desassistência em seus direitos
elementares, lançados aos manicômios ou mesmo em presídios comuns sem ao
menos a oportunidade de um tratamento adequado ao seu estado de saúde. Que
determina o curso dessas vidas? Quem são essas pessoas, quais suas
características, suas histórias? Essas indagações nos motivaram a desenvolver a
presente pesquisa que tem por objetivo compreender quais aspectos da vida das
pessoas com transtorno mental que cometeram crimes e estão em cumprimento
de Medida de Segurança no Hospital de Custódia do ES, hoje chamado de
Unidade de Custódia. Nossa aposta no ethos cartográfico e na pesquisa como
acontecimento nos permitiu olhar para os dados dos prontuários e para os
encontros com as pessoas que vivem na instituição de forma a perceber os jogos
de força e as estratégias do poder que orientam nossa percepção acerca dessa
população e também, conduzem suas vidas ao silenciamento e dominação. A
leitura atenta de algumas obras de Foucault, como “Vigiar e punir” e “Infames da
história” nos acompanharam no percurso e nos conduziu a um olhar crítico sobre
o processo de construção da noção de louco como indivíduo perigoso, indigno de
fala e existência no espaço social. O louco que ganha visibilidade após o choque
com o poder, que toma essa vida e determina o que será dela. Favret-Saada,
Suely Rolnik e outros contemporâneos nos apresentaram a possibilidade de um
novo olhar para a pesquisa, um modo sensível e sensorial. Dessa forma, fomos
trilhando os caminhos, descosturando e recosturando certezas, conhecendo
histórias e sendo afetada por elas. Nos conduzimos pela via do
acontecimentalizar, percebemos que as histórias contadas/escritas não
correspondiam à história completa daquelas pessoas, que suas existências não
se reduzem ao crime outrora praticado e que os conduziu à aquela instituição.
Não concluímos, não o podemos fazer, encerramos essa pesquisa
compreendendo que é preciso conhecer o humano que habita o manicômio,
conhecer sua loucura e sua história é romper com o paradigma de que sãoapenas “loucos e criminosos”. Conhecer suas histórias é apostar na vida que
pulsa e que pode ser livre, livre da dor, da morte e do abandono.
Palavras-chave: Medida de Segurança; Inimputabilidade; Unidade de Custódia do ES

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