De frente para o Acidente: análise de acidentes de trabalho fatais ocorridos no setor de rochas ornamentais em 2008.

Resumo: Numa sociedade de trabalhadores, o trabalho é, para além de um meio de sobrevivência, um acontecimento social, construtor da identidade. Em nossa sociedade, o trabalho constitui um ideal, sinônimo da possibilidade não só de satisfazer as necessidades econômicas, mas também do ideal de ser bem sucedido, de ser reconhecido socialmente. Trabalhar implica em ser reconhecido como homem de bem – em ser reconhecido enquanto cidadão; não trabalhar implica em valores contrários: significa estar à margem do processo, alienado, alheio, incompetente, excluído material e moralmente. Neste sentido, para além da privação material, o desemprego faz a alma sofrer. (Jardim, 1998, Silva-Filho et al, 1993). Assim podemos compreender quando os trabalhadores põem em risco sua saúde e até a própria vida para não perder seus empregos.
No Estado do Espírito Santo, o setor de rochas ornamentais encontra forte expressão econômica tanto na extração e beneficiamento do produto mas especialmente nas exportações que realiza. Embora o poderio econômico e a beleza das pedras sejam bem conhecidos do povo capixaba, o processo de trabalho que ali se realiza, os “modos de andar a vida”, as visões de mundo, de trabalho e de saúde da população trabalhadora são ainda desconhecidos, tanto na área acadêmica, quanto dos Poderes Públicos e até mesmo da própria população capixaba.
O trabalho no setor de rochas é de enorme complexidade. As atividades se dividem em extração dos blocos (pedreiras), transformação do bloco em várias chapas de mármore (serrarias) e o beneficiamento, que produz produtos industrializados. Trata-se de trabalho inserido globalmente e ao mesmo tempo, muitas vezes, realizado e organizado com improvisação e informalidade.
A cada ano temos notícias de cerca de 10 acidentes fatais. A despeito do avanço político e social dos representantes dos trabalhadores, das melhorias tecnológicas implementadas por alguns empresários e das fiscalizações do ministério do Trabalho, esses números não decrescem. Nesse sentido, propomos a análise de pelo menos cinco acidentes fatais de trabalho ocorridos no ano de 2008.

Data de início: 01/03/2009
Prazo (meses): 24

Transparência Pública
Acesso à informação

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910