Projetos de Vida e Relações Interpessoais de Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Internação

Nome: VINICIUS COSCIONI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 13/03/2017
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
EDINETE MARIA ROSA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
EDINETE MARIA ROSA Orientador

Resumo: O objetivo da presente dissertação é compreender de que maneira as relações interpessoais
estabelecidas por adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação
(ACMSEI) contribuem para a elaboração de seus projetos de vida. Trata-se de um trabalho
dividido em dois estudos, sendo o primeiro teórico e o segundo empírico. O estudo teórico
configura-se como uma revisão sistemática da literatura que analisou sistematicamente 30
relatos de pesquisas empíricas conduzidas no Brasil, tendo como objetivo central caracterizar
o cumprimento da medida socioeducativa de internação no País. A revisão identificou a
prevalência de práticas coercitivas sobre as pedagógicas e ressaltou a necessidade de pesquisas
que investiguem os processos decorrentes da privação de liberdade. O estudo empírico
configura-se como um estudo de múltiplos casos embasado pela Teoria Bioecológica do
Desenvolvimento Humano e realizado a partir da condução de quatro grupos focais, tendo como
participantes 25 ACMSEI entre 15 e 19 anos residentes nas Regiões Metropolitanas do Espírito
Santo e Rio Grande do Sul. Verificaram-se duas formas de conceber o futuro entre os
participantes: 1) a partir de projetos de vida vinculados à criminalidade, que incluíam um
sentido de ação claro para o futuro; e 2) a partir de expectativas de futuro relacionadas à
educação, família e trabalho, mas sem um sentido de ação por meio do qual se intentava atingir
tais expectativas. Adolescentes que tinham projetos de vida vinculados à criminalidade,
tendiam a se desinteressar pelos atendimentos técnicos e pela presença dos agentes
socioeducativos, o que impedia a realização de um trabalho socioeducativo que promovesse
outros projetos de vida. Adolescentes que tinham expectativas de futuro ligadas a educação,
trabalho e família, por sua vez, usufruíam da presença dos funcionários, que junto com os
familiares, pareciam promover a motivação para a elaboração de projetos de vida desvinculados
de práticas infracionais. O contato com funcionários e familiares, contudo, parecia pouco
efetivo na elaboração de um sentido de ação que possibilitasse a desvinculação do mundo do
crime, o que se relaciona à precarização do trabalho e dos espaços de visitas familiares
promovidos nas instituições. As relações estabelecidas com os demais adolescentes internos,
em direção oposta, pareciam contribuir para a elaboração de projetos de vida vinculados à
criminalidade, a partir da troca de informação sobre a organização do mundo do crime, bem
como maneiras mais efetivas de praticar atos infracionais. As intervenções digiridas a ACMSEI
deve levar em consideração suas atuais expectativas de futuro: 1) aos adolescentes com projetos
de vida vinculados à criminalidade, devem ser dirigidas intervenções que apresentem novas
possibilidades de vida, distantes do mundo do crime; 2) aos adolescentes com expectativas de
futuro ligadas à educação, trabalho e família, devem ser dirigidas intervenções que possibilitem
elaborar um plano de ação futuro por meio do qual seja possível tornar tais expectativas reais.

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