Memória Social do Bairro Jardim de Penha do município de Vitória-ES

Nome: PRISCILA SILVA DE OLIVEIRA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 05/09/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA CRISTINA SMITH MENANDRO Orientador
PAULO ROGÉRIO MEIRA MENANDRO Co-orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
EDINETE MARIA ROSA Suplente Interno
LUIZ GUSTAVO SILVA SOUZA Examinador Externo
LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR Suplente Interno
MARIA CRISTINA SMITH MENANDRO Orientador
MARIA DE FÁTIMA DE SOUZA SANTOS Examinador Externo

Páginas

Resumo: Fundamentada nos estudos da perspectiva psicossocial da memória, esta pesquisa investigou a memória social do bairro de Jardim da Penha, do município de VitóriaES, construída por moradores, especificamente, sobre as décadas de 1970 e 1980. A metodologia, que compreendeu a análise qualitativa de três conjuntos de dados diferentes, utiliza uma abordagem multimétodo, com dois estudos principais: memórias históricas (documentais e orais) e memória geracional. O estudo das memórias históricas foi realizado com fontes documentais e com a aplicação de entrevistas individuais em profundidade com sete informantes-chave de lideranças que atuaram, nas décadas de 1970 e 1980, nas instituições consideradas como “lugares de memória” do bairro: Comunidade Religiosa, AMJAP e Clube 106. Objetivou-se, especificamente, descrever a história da formação de Jardim da Penha nesse período histórico e conhecer “lugares de memória” do bairro que ajudaram a construir as memórias sociais. Com relação ao instrumento, foram elaborados três diferentes roteiros de entrevista, divididos em três partes. A primeira refere-se à caracterização dos participantes. A segunda contém questões direcionadas ao processo histórico de urbanização de Vitória-ES e de Jardim da Penha. A terceira está relacionada ao eixo temático que orientou a investigação para cada instituição. O material documental e as entrevistas realizadas foram comparados e tratados em conjunto, formando um corpus de dados. A técnica de análise de conteúdo foi aplicada de modo a apreender os sentidos coletivamente desenvolvidos nas memórias históricas do bairro. Os resultados indicaram modos de sociabilidade comunitários e solidários que refletiram movimentos políticos reivindicatórios nas melhorias do bairro. Na segunda abordagem metodológica, ou seja, no estudo da memória geracional, objetivou-se, especificamente: identificar e descrever a memória social de Jardim da Penha construída por três gerações de moradores, sobre as décadas de 1970 e 1980; investigar a construção social das memórias do bairro por pessoas que não viveram no período das décadas de 1970 e 1980, mas que tiveram informações dessa época através de outros; e identificar como os moradores representavam seu território, a fim de refletir sobre os processos de identificação social urbana. Foram realizadas entrevistas com a focalização de três coortes geracionais: sujeitos de 65 a 80 anos (idosos); de 40 a 55 anos (adultos); e de 15 a 30 anos (jovens). Participaram 30 moradores do bairro há pelo menos dois anos, sendo 10 de cada subgrupo geracional. A técnica utilizada para a coleta de dados foi entrevista individual em profundidade, realizada com base em um roteiro dividido em três partes. A primeira coletou dados sociodemográficos e a segunda e a terceira identificaram memórias e elementos descritivos de Jardim da Penha no passado e no presente. O conteúdo gerado nas 30 entrevistas foi analisado segundo a técnica de análise de conteúdo temática e permitiu o agrupamento das narrativas em quatro categorias: Pertencimento, Contrastes, Diversidade e Funcionalidade. Os resultados indicaram que os idosos interpretam o passado do bairro a partir de uma experiência com maior aspecto de pertencimento afetivo do que os mais jovens, que evocam suas memórias baseados no que lhes foi contado pelos mais velhos, atribuindo, ao bairro, um caráter mais de funcionalidade. A categoria contrastes prevaleceu entre os adultos de 40 a 55 anos. Diversidade foi uma categoria compartilhada pelas três gerações com menor frequência, mas ainda assim significativa. Os resultados sugerem uma dimensão afetiva que media a relação dos moradores com seu território e construções de “o que é ser morador de Jardim da Penha”, baseadas nas transmissões entre gerações e nos modos de habitar e de relacionar-se com e no bairro. Identificou-se, também, uma representação social do referido bairro como um "lugar agradável e atraente", que funciona na manutenção da identidade grupal dos moradores, e que se ancora nas memórias sociais do bairro. A articulação dos dois estudos aponta que a memória social de Jardim da Penha, sobre as décadas de 1970 e 1980, ancora representações socioespaciais e processos identitários de pertencimento. O campo afetivo compartilhado relaciona-se aos sentidos de comunidade, solidariedade e família em Jardim da Penha, os quais vêm sofrendo interferências pelo desenvolvimento moderno do bairro.

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