Entre a rodoviária e a prisão sem muros: sentidos e práticas sobre violência para profissionais de uma rede assistencial

Nome: ROBERTA BELIZARIO ALVES
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 25/08/2016
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA CRISTINA SMITH MENANDRO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
EDINETE MARIA ROSA Examinador Interno
LUIZ GUSTAVO SILVA SOUZA Examinador Externo
MARIA CRISTINA SMITH MENANDRO Orientador
MARIA DE FÁTIMA DE SOUZA SANTOS Examinador Externo
ZEIDI ARAUJO TRINDADE Suplente Interno

Resumo: A violência é hoje um importante problema social, com repercussões para a saúde e o desenvolvimento humano, convertendo-se numa das principais preocupações de governos e órgãos internacionais. Sendo cada vez mais reconhecida em suas múltiplas dimensões, observa-se sua inclusão na agenda de diferentes setores das políticas públicas no Brasil, acarretando a criação ou reorganização de serviços, e trazendo desafios consideráveis para a oferta de ações. Dentre os desafios, a forma como as políticas são apropriadas pelos atores sociais é questão central. Por isso a compreensão sobre a maneira pela qual os profissionais se apropriam das políticas e produzem conhecimentos e práticas acerca do objeto de intervenção, bem como sobre o seu contexto de produção, é ferramenta importante para a problematização e o avanço das ações de enfrentamento da violência. Visando contribuir para tal reflexão, o estudo objetivou investigar representações sociais e práticas sobre a violência produzidas por profissionais atuantes em uma rede assistencial. A coleta de dados foi feita em quatro serviços públicos de um território municipal, sendo um da saúde e três da assistência social, por meio de quatro entrevistas individuais, quatro grupos focais, análise de um documento e observação participante em um dos serviços pesquisados. Foi feita a Análise de Conteúdo Temática dos quatro conjuntos de dados. Para os grupos focais e o documento empregou-se também a Análise Lexical com a utilização dos softwares Iramuteq e Alceste. Os resultados revelaram a heterogeneidade de elementos do campo representacional da violência compartilhado pelos profissionais. Os aspectos mais ressaltados remetem a uma imagem central da violência como fenômeno complexo e enraizado, de natureza social e relacional, onde a noção de complexo indica simultaneamente seu caráter multideterminado e seu difícil manejo. Estas representações são produzidas a partir de conhecimentos provenientes do saber técnico-científico e da experiência vivenciada no contexto de trabalho, que é permeada por uma série de dificuldades, tendo como importantes ancoragens: as políticas públicas e seus respectivos paradigmas de suporte, a experiência vivida no contexto imediato, e as representações sobre comunidade (e o tráfico de drogas nela presente), adolescentes e famílias. Foram identificadas diferenças entre as áreas da saúde e da assistência social quanto à forma como os profissionais apreendem a violência. A percepção quanto ao papel do serviço em relação à violência é a diferença mais importante. A saúde, ao apreender a violência com base no paradigma biomédico, não a toma como seu objeto de intervenção, mas apenas como questão social. Outra constatação verificada é que os profissionais de ambas as áreas não se julgam inteiramente capazes para intervir, e que esta crença relaciona-se às dificuldades enfrentadas no cotidiano de trabalho. Tais dificuldades contribuem para formar uma imagem fatalista da violência, como algo irreversível, e produzem práticas que se distanciam da integralidade, da intersetorialidade e da promoção. Pôde-se discriminar a relação de mútua determinação entre as representações sociais sobre a violência e as práticas, e o papel fundamental desempenhado pelo contexto de trabalho permeado por fortes constrangimentos na produção de representações e práticas. As representações cumprem funções justificadoras e orientadoras das práticas que, ao serem reproduzidas, transformam as representações.

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