Representações e Práticas Sociais Construídas por Médicos em Relação a Usuários com Sintomas Vagos e Difusos na Atenção Primária à Saúde

Nome: RENATA GOLTARA LIBONI VESCOVI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 30/07/2014
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LUIZ GUSTAVO SILVA SOUZA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANTÔNIO MARCOS TOSOLI GOMES Examinador Externo
LUIZ GUSTAVO SILVA SOUZA Orientador
LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR Examinador Interno

Resumo: O fenômeno dos sintomas vagos e difusos diz respeito a dores inespecíficas que não encontram associação direta com causa orgânica. Como fenômeno de difícil delimitação a ele são atribuídas outras denominações: somatização, Transtorno Somatoforme, Transtorno de Conversão, Transtorno Psicossomático, por exemplo. Destacamos a relevância da consideração desses sintomas para o contexto da Atenção Primária à Saúde (APS), uma vez que as queixas com tais características aparecem em grande número como demanda de usuários ao chegarem para o atendimento nesse contexto, em muitos países. Estes ainda se configuram como grande desafio para as equipes de saúde porque a forte referência que orienta o exercício profissional é o modelo da clínica tradicional, centrado na doença e não na pessoa que adoece, que não se revela eficaz para lidar com essas demandas. Com foco na APS, torna-se relevante investigar a clínica médica, as consultas, lócus de manejo desses casos de sintomas vagos e difusos pelo médico, com vistas a compreender como os interpretam e quais as terapêuticas desenvolvidas. A pesquisa realizada nesta dissertação teve o objetivo de compreender representações sociais e práticas sociais construídas por médicos da APS sobre usuários com sintomas vagos e difusos. Foram elaborados dois estudos: observação participante realizada em uma Unidade de Saúde da Família, dividida em duas etapas (uma no ambiente geral da Unidade e outra no ambiente dos consultórios médicos), a primeira delas compreendeu seis observações, a segunda foi realizada no período de três meses; entrevistas semiestruturadas com uma vinheta, das quais participaram os cinco médicos atuantes na mesma USF (Unidade de Saúde da Família) onde foi realizada a observação. Os dados obtidos, tanto com a observação participante quanto com as entrevistas, foram tratados a partir da análise de conteúdo temática. A observação participante verificou a construção de imagens dos usuários com sintomas vagos e difusos (SVD): tadinhos, casos difíceis, quase usuários e cansativos. Quanto ao aspecto afetivo, estiveram presentes impaciência e enfado diante de usuários SVD. Foram observadas práticas de caráter autoritário e centradas em um modelo clínico tradicional, opondo-se à Clínica ampliada. As entrevistas revelaram aspectos do campo representacional relacionado aos usuários SVD que incluiu ideias e imagens associadas a outros objetos de comunicação na USF: usuários em geral, o bom usuário, pessoa doente e população de classe social menos abastada. Destacaram-se como elementos de objetivação traduzidos pelas figuras construídas sobre usuários SVD: Meu posto, minha vida; Sócio da Unidade; Crônicos da Unidade. Os médicos também citaram temas afeitos à Clínica ampliada como: ação comunitária; práticas voltadas à prevenção de doenças e à promoção de saúde. Os dois estudos revelaram dissonâncias quanto às práticas dirigidas aos usuários SVD, nesse sentido entre o conteúdo observado durante as consultas e as condutas relatadas nas entrevistas. Destaca-se a hegemonia da clínica tradicional calcada em relações mais médico-centradas que usuário-centradas. Sugere-se a revisão de relações normativas entre trabalhadores de saúde e usuários SVD e de abertura para a cogestão destes na decisão sobre a condução de seu tratamento.

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