“Na fita de Bárbara tem dendê, desata esse nó que quero vê”: Identidade e memória social entre mulheres quilombolas do Sapê do Norte/ES

Nome: PEDRO HENRIQUE BARBOSA DE SOUZA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 29/04/2020
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIANA BONOMO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
MARIANA BONOMO Orientador
OSVALDO MARTINS DE OLIVEIRA Examinador Externo
SABRINE MANTUAN DOS SANTOS COUTINHO Examinador Interno

Resumo: Entre as estratégias encontradas por africanos e africanas escravizados em território brasileiro para resistir ao sistema escravista, encontravam-se as fugas e a organização em comunidades. Nesses territórios, que se convencionou chamá-los de quilombos, recriavam seus modos de vida, outrora roubado pelo processo de colonização. No norte do estado do Espírito Santo, entre as cidades de São Mateus e de Conceição da Barra, está localizada o território do Sapê do Norte, que, durante o período colonial, foi um importante polo de chegada e de distribuição de africanos e africanas escravizados. Nesse território, também existiram vários grupos e comunidades, que, durante o período escravista e pós-abolição, se organizaram e passaram a recriar seus modos de vida. Atualmente, existem mais de 30 comunidades quilombolas nessa região, que possuíam em seus territórios, até meados do século XX, abundantes recursos naturais, quando grandes empreendimentos agroindustriais (monocultivo de cana de açúcar e de eucalipto) chegaram na região e passaram a expropriar seu território e modo de vida. Tendo como aparato teórico e metodológico as ferramentas da análise psicossocial da memória social e sua interface com a identidade social, esse estudo teve como objetivo investigar os processos identitários entre moradores de uma comunidade do Sapê do Norte – ES. Para tanto, realizamos dois estudos complementares: o primeiro estudo consistiu em uma pesquisa-participante, que teve como objetivo conhecer, analisar e descrever o funcionamento, a organização, as práticas cotidianas e as relações familiares, culturais, religiosas, territoriais e de trabalho em uma comunidade quilombola, localizada na região do Sapê do Norte – ES; e, no segundo estudo, a tarefa consistiu em analisar e descrever as vivências e os processos identitários entre seis mulheres quilombolas, líderes dessa mesma comunidade quilombola localizada na região do Sapê do Norte – ES, cuja coleta dos dados foi realizada por meio de entrevistas com roteiro semiestruturado. Em ambos os estudos, os dados foram analisados a partir da Análise de Conteúdo Temática. Os principais resultados apontaram que a vida cotidiana das mulheres quilombolas remetem a um modo de vida orientado pela ancestralidade e territorialidade. Essas dimensões contribuem para a constituição da identidade quilombola entre as mulheres, cujo pertencimento tem sido constantemente ameaçado, desde a chegada dos empreendimentos agroindustriais na região. Discutimos que a memória é um processo psicossocial que não se refere apenas a uma lembrança do passado, mas configura-se também a partir das necessidades do presente. As memórias coletivas, pessoais, práticas, orais e comuns, presentes nesse contexto, trabalham para a coesão da comunidade a partir do sentimento de identificação com o grupo quilombola. A memória pode atuar nesse universo, portanto, como um processo identitário a fim de garantir aos quilombolas o direito ao território e à vivência de sua identidade.

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