Vivências de sobreviventes ao suicídio de jovens: impacto na vida dos enlutados

Nome: ELIENE ROCHA GOMES
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 20/09/2019
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
TERESINHA CID CONSTANTINIDIS Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ADRIANO PEREIRA JARDIM Examinador Externo
MARIANA BONOMO Examinador Interno
TERESINHA CID CONSTANTINIDIS Orientador

Resumo: RESUMO

O suicídio, fenômeno multicausal e complexo, é a terceira causa de morte entre a população jovem no Brasil e no mundo. Estima-se que, para cada suicídio efetivado, cerca de 6 a 10 pessoas sejam impactadas por esta morte. O luto por suicídio difere dos demais em virtude de se caracterizar por uma morte repentina, não natural e desejada. Os sobreviventes – ou seja, pessoas afetivamente próximas da pessoa que cometeu suicídio e que experienciam um elevado sofrimento psicológico, físico ou social após a exposição ao suicídio de outra pessoa – têm que lidar, além da perda da pessoa, com o fato deste tipo de morte ser alvo de preconceito e estigma, historicamente e socialmente construídos. Este estudo teve como objetivo analisar os aspectos de vivências de sobreviventes enlutados pelo suicídio de jovens, mais especificamente, o processo e elaboração do luto, assim como os impactos do suicídio no cotidiano dessas pessoas. Foi realizada pesquisa qualitativa do tipo descritiva e exploratória, por meio da entrevista narrativa. A escolha por este tipo de entrevista se deu por propiciar ao participante usar seus próprios termos, diante do tema delicado, com forte componente de dor. Participaram sete sobreviventes, entre amigos e familiares de jovens de 15 a 24 anos que cometeram suicídio. Após a análise temática do conteúdo dessas entrevistas, foram indicados e discutidos três núcleos de sentido: Processo de Luto; Elaboração do luto; O suicídio e mudanças subjetivas. No processo vivido pelos participantes, ao entraram em contato com a perda dos jovens por suicídio, narraram sobre a descrição do jovem, sobre o último contato e sobre a descrição dos sentimentos diante da perda. No processo de elaboração do luto, os sobreviventes apresentaram, em suas narrativas, a dor e tristeza que indicam propensão a algumas formas de sofrimento psíquico. Além disso, apresentaram um movimento de buscar causas e culpar outras pessoas pelo ocorrido, muitas vezes, com raiva expressa direcionada a elas. Fez parte deste processo, também, a tentativa de compreensão por meio de explicações racionalizadas, criando uma distância entre o evento e eles mesmos. Completando a narrativa dessa tarefa do luto, os sobreviventes relataram o suporte que tiveram nesse processo de superação alcançada. Destacamos o engajamento em ações concretas do sobrevivente decorrente da vivência do suicídio de um jovem próximo afetivamente, importante em sua vida. Em relação ao suicídio e às mudanças subjetivas, encontramos relatos os quais indicam elaboração do luto por meio de transformação da dor e dos sentimentos causados pelo suicídio em algo socialmente aceito, ou seja, utilizam/ tomam como referência a dor vivida com a perda no trabalho com outras pessoas. As mudanças nas atitudes diante da vida em relação à vida anterior ao suicídio do jovem relatadas pelos sobreviventes foram: retomar/valorizar a própria vida e ser atento, disponível, para ajudar o outro. Concluímos que perder alguém por suicídio é uma experiência que porta o traumático nas suas diferentes expressões, muitas vezes marcado por sofrimentos intensos. Trata-se de sobreviventes que, mesmo diante de tamanha dor, experimentaram também crescimento psicológico, ressignificação da própria vida e superação.

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