Processos de autorregulação de crianças expostas à violência doméstica materna estresse, problemas comportamentais, coping, temperamento e estratégias metacognitivas
Nome: CAMILA NASSER MANCINI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 01/10/2018
Orientador:
Nome | Papel |
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KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ALESSANDRA BRUNORO MOTTA LOSS | Examinador Interno |
CLAUDIA BROETTO ROSSETTI | Suplente Interno |
ERIKA DA SILVA FERRÃO | Examinador Externo |
FABIANA PINHEIRO RAMOS | Suplente Externo |
KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA | Orientador |
Resumo: Mancini, C. N. (2018). Processos de autorregulação de crianças expostas à violência doméstica materna Estresse, problemas comportamentais, coping, temperamento e estratégias metacognitivas. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação de Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo, Espírito Santo, pp.120.
A autorregulação é um processo imprescindível ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. A exposição à violência doméstica, mesmo quando não se é vítima direta das agressões, acarreta repercussões relevantes à vida dos filhos de mulheres que vivenciam as consequências de estarem inseridas em um ambiente ameaçador, como a expressão de grande nível de estresse. Frente a isso, este trabalho desenvolveu dois estudos tendo como objetivo principal investigar as possíveis intercorrências nos processos de autorregulação de crianças de 6 a 12 anos, filhos de mulheres assistidas em uma Vara de Violência Contra a Mulher, localizada na Grande Vitória, ES, medidas pelos componentes Estresse, Coping, Temperamento, Problemas de Comportamento e Metacognição. Os seguintes instrumentos foram aplicados: Ficha de Identificação da Família; Critério de Classificação Econômica Brasil CCEB; Child Behavior Checklist 6-18 (CBCL); Escala de Stress Infantil (ESI); Early Adolescent Temperament Questionnaire (EATQ-R); Questionário Sobre o Comportamento da Criança (CBQ); Escala de Enfrentamento; e Escala de Metacognição. Estudo 1. Participaram 11 díades mãe-filho, com crianças de 6 a 7 anos. Mais da metade apresentou algum nível de Estresse (n=6; 54,5%). Apenas uma não atingiu os critérios para problemas de comportamento (PC) (n=10, 90,9%); 60% (n=6) apresentaram ambos os tipos de problemas (externalizante e internalizante); 30% (n=3) apresentaram PC do tipo externalizante e uma apresentou PC somente do tipo internalizante (10%). A dimensão de temperamento com maior valor foi Prazer de Alta Intensidade (m=6,66) e a menor foi Timidez (m=1,33). Análise não paramétrica (Teste de Mann-Whitney) indicou que comportamento internalizante tem efeito sobre Temperamento para os fatores Prazer de Baixa Intensidade e Tristeza, e o comportamento externalizante tem efeito sobre o Temperamento para Raiva e Frustração. Encontrou-se uma correlação negativa e forte entre Estresse e a dimensão de temperamento Capacidade de Acalmar-se. Estudo 2. Foram avaliadas 11 díades mãe-filho, com crianças de 9 a 12 anos. Todas as crianças se enquadraram em alguma fase de estresse clínico (72,72%, n=8). No total de crianças com PC, 50% (n=4) apresentaram ambos os tipos de problemas e 50% (n=4) somente PC do tipo internalizante. Sobre os fatores de Temperamento, a média mais elevada foi no fator Extroversão (m=3,33) e a menos pontuada foi no fator Afeto Negativo (m=2,66). As
macrocategorias de Enfrentamento Adaptativo (EA) mais relatadas foram Resolução de Problemas (m=4,09) e Busca de Suporte (m=3,36) e as Não Adaptativas (ENAd) foram Fuga (m=4,36) e Submissão (3,27). Análise por meio do teste de Spearman indicou correlação positiva e forte entre Metacognição e EA. Os resultados indicam que toda a amostra se encontra em sofrimento físico e/ou psicológico, com dificuldades nos processos autorregulatórios, considerando as variáveis investigadas, e potencialmente em risco para outros problemas no desenvolvimento. Ampliar a amostra e aplicar análises paramétricas são medidas necessárias para confirmação dos resultados levantados no grupo investigado. Espera-se que a pesquisa contribua para a visibilidade dessa problemática os efeitos da violência doméstica materna no desenvolvimento infantil, oferecendo subsídios teóricos para o fomento de recursos e intervenções com essas famílias, bem como um melhor entendimento acerca de seus processos de autorregulação.