Nós somos ciganos. E você, o que é?: processos identitários entre gerações de Ciganos Calon no Estado do Espírito Santo

Nome: GRECY KELLE DE ANDRADE CARDOSO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 25/06/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIANA BONOMO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ADOLFO PIZZINATO Examinador Externo
AGNALDO GARCIA Examinador Interno
MARIANA BONOMO Orientador

Resumo: Os ciganos possuem uma longa diáspora em diferentes territórios e nacionalidades. Apesar de diferenças encontradas nos diversos grupos ciganos, algumas características - como as relações de gênero, a valorização da socialização que ocorre no contexto intergrupal e o aprendizado das leis e das tradições têm sido considerados relevantes na construção das identidades ciganas. Tendo como referência a Teoria da Identidade Social, o presente estudo teve como objetivo analisar os processos identitários e o contexto de socialização étnica entre três gerações de ciganos de etnia calon, de um acampamento cigano no estado do Espírito Santo. Para tanto, realizou-se dois estudos complementares, a saber: um estudo por meio de abordagem etnográfica, cujas informações obtidas foram registradas em diários de campo (Estudo 1); e um estudo intergeracional, realizado através de entrevistas com roteiros semidirigidos, focalizando as três gerações do grupo (idosos, adultos e crianças). Participaram do estudo 19 membros do grupo cigano, com idades variando entre 48 e 95 anos (primeira geração), 24 e 41 anos (segunda geração) e 04 e 12 anos (terceira geração). O tratamento dos dados foi realizado a partir da análise de conteúdo (temática e categorial-temática) e da análise lexical por meio da Classificação Hierárquica Descendente. Os principais resultados demonstraram que: (i) na primeira geração, os troncos velhos (idosos) enfatizam suas memórias sobre o passado, o nomadismo do tempo das tropas de mula e outras características dos seus antepassados; (ii) na segunda geração, os homens calon destacam a ciganidade a partir de elementos culturais, em comparação entre ciganos e não-ciganos e entre as diferentes gerações do grupo; e, as mulheres (gadjés) relatam sua inserção na vida cigana e os dilemas identitários advindos dessa dupla inserção social; e (iii) na terceira geração, as crianças calin destacam informações relacionadas à infância cigana, às experiências de inserção no ambiente escolar e às projeções de vida futura, destacando os possíveis modos de moradia, o casamento e os papéis sociais esperados. Através de uma análise psicossocial sobre os fenômenos investigados, entendemos a identidade cigana, conforme observada no grupo, como expressão identitária, que: é construída nesse contexto de socialização étnica; se materializa como ser cigano(a) também em função das hierarquias geracionais e de gênero; e têm se mantido com forte conotação de valor e carga afetiva positivas. Espera-se que a presente pesquisa auxilie na ampliação do conhecimento produzido acerca dos povos ciganos, tendo em vista a necessidade de ressignificação dos ciganos no pensamento social e do surgimento da questão cigana como questão social, legitimando suas demandas em respeito às suas especificidades étnico-culturais.

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