Comunidade brasileira em Berlim: análise dos processos identitários entre Imigrantes brasileiros.

Nome: ROBERTA RANGEL BATISTA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 29/05/2019
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIANA BONOMO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ADRIANO ROBERTO AFONSO DO NASCIMENTO Examinador Externo
AGNALDO GARCIA Examinador Interno
FATIMA MARIA LEITE CRUZ Examinador Externo
MARIANA BONOMO Orientador
PAULO ROGÉRIO MEIRA MENANDRO Examinador Interno

Resumo: RESUMO
Batista, R. R. (2019). Comunidade brasileira em Berlim: análise dos processos identitários entre imigrantes brasileiros. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória/ES.

A discussão a respeito do fenômeno identidade possibilita a compreensão sobre o modo como os indivíduos se organizam em função da estrutura social vigente e de sua pertença aos grupos sociais. Nesse contexto, o processo de migração pode ser considerado relevante ao estudo dos grupos sociais, uma vez que, possivelmente, orienta-se pela crença de mobilidade no sistema e ascensão de status dentre as categorias sociais. Entretanto, mesmo diante da crença na mobilidade social, a manutenção de uma comunidade nacional fora do país pode ser considerada uma rede de apoio importante e que visa à sustentação da pertença ao grupo nacional de origem. Como exemplo desta conjuntura, Berlim, a capital da Alemanha, é notável pela quantidade de brasileiros que lá residem e preservam a cultura do país. Considerando a definição de grupo e pertença social da Teoria da Identidade Social, a presente tese teve como objetivo analisar os processos identitários entre imigrantes pertencentes à comunidade brasileira em Berlim. Para a realização dessa tarefa, três estudos complementares foram propostos: (E1) Um primeiro estudo, de natureza etnográfica, objetivou conhecer a organização social da comunidade brasileira em Berlim, a partir da discussão de suas dimensões territoriais, sociais e de relacionamento entre os pares. Os dados foram tratados pela Análise de Conteúdo Categorial–Temática; (E2) Em um segundo estudo, pretendeu-se analisar as dimensões identitárias (cognitiva, valorativa e afetiva) entre os indivíduos pertencentes à comunidade brasileira, a partir de suas referenciações aos grupos brasileiro e alemão. Para tanto, foram realizadas entrevistas individuais, a partir da aplicação de um questionário estruturado, com 100 imigrantes que viviam noterritório. O questionário foi composto pela escala de sentimentos PANAS, pelo Questionário de Valores Psicossociais (QVP 24) e pela técnica de associação de palavras aos termos brasileiro e alemão. Os dados foram tratados pela Análise de Conteúdo Categorial, pela análise de cluster (com o auxílio do software SPAD-T), pelos testes de Kruskal-Wallis, Mann-Whitney e qui-quadrado (realizados com o recurso do Programa Statistical Package for the Social Sciences); E, por fim, um terceiro estudo (E3) possuiu como objetivo investigar e discutir a dinâmica de pertencimento aos grupos sociais brasileiro e alemão, através da análise de mapas mentais elaborados por crianças, filhas de migrantes brasileiros em Berlim. Participaram desse último estudo 12 crianças, com idades entre 06 e 12 anos. Os dados foram tratados pela Análise de Conteúdo Categorial-Temática. Os resultados encontrados demonstraram que os brasileiros entrevistados investem em uma organização de ordem comunitária, a partir de práticas que resgatam a brasilidade em diferentes dimensões, como cultura, política, educação, religiosidade, gastronomia, música, relações de amizade e língua portuguesa, configurando um esquema de relações vivenciadas dentro do próprio grupo. Neste sentido, a dimensão afetiva mostra-se como saliente para a manutenção da pertença ao grupo social de origem, de maneira positiva, apesar de os indivíduos reconhecerem os status das diferentes posições sociais. A reafirmação da memória intergrupal manifesta-se nos mapas mentais elaborados pelos filhos dos imigrantes, os quais reproduzem algumas das estratégias utilizadas por seus pais para a positivação da autoimagem social do grupo de origem. Discute-se que os processos identitários entre os migrantes brasileiros em Berlim é vivenciado, inicialmente, devido a expectativas geradas por meio de representações ideológicas, regidas pelo fluxo dos padrões econômicos. Contudo, embora a busca por uma situação material mais horizontalizada no país alemão, as relações sociais com os membros do grupo do país de destino se mostram distantes, preconceituosas e frias. Diante desta dificuldade, e a partir da necessidade de proteção social, os processos identitários entre os indivíduos fortalecem-se na criatividade social e no sentido de comunidade. A possibilidade de resgatar suas memórias afetivas e culturais no interior da comunidade ressignifica os estereótipos que os posiciona em situação de minoria, oportunizando a redefinição de valores sociais, um status modificado e uma identidade social positiva.

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